NA LINHA DA RENOVAÇÃO MISSIONÁRIA (Pontos de Reflexão) - 15-3-1973

Encontro com os Missionários Combonianos na comemoração dos seus 25 anos de presença em Moçambique.
Carapira, 15 de Março de 1973.


1º Saúdo-vos cordialmente neste dia em que celebramos os vossos 25 anos de serviço Missionário à Igreja e ao Povo de Moçambique.

E porque assim o pedis, gostaria de rever convosco alguns pontos fundamentais da vossa actividade missionária em Nampula.

2º Começamos por relembrar o objectivo da acção Missionária, segundo o decreto Ad Gentes (15):

"Portanto, os missionários, cooperadores de Deus (1 Cor.3, 9), suscitam tais comunidades de fiéis, as quais, vivendo dignamente segundo a vocação que receberam, (Ef. 4,1),exerçam as funções sacerdotal, profética e real, a elas confiadas por Deus.(…) A comunidade cristã deve, desde o princípio, constituir-se de tal maneira que, tanto quanto possível, possa providen­ciar por si mesma as suas necessidades. Esta comunidade de fiéis, dotada das riquezas culturais da sua própria Nação, deve ser profundamente radicada no povo."

Desta doutrina conciliar podemos concluir que a acção missionária deve fazer nascer e crescer comunidades de fiéis com as seguintes características:

- Conscientes da vocação que receberam: Vocação humana, vo­cação baptismal e vocação Pascal.
- Capazes de exercer a função sacerdotal, profética e real.
- Autónomas, ou seja, constituídas desde o começo de tal maneira que possa, na medida do possível, proverem por si mesma às próprias necessidades (económicas e apostólicas).
- Enraizadas no povo e na cultura local.
- Fecundas em vocações, isto é, fazendo nascer do próprio seio, sob o impulso do Espírito, os diversos ministérios necessários à implantação e desenvolvimento da Igreja: ­Catequistas, Diáconos, Presbíteros, Bispos.


E se

"a obra de implantação da Igreja, num determinado grupo humano, atinge em certa medida o seu termo quando a comunidade dos fiéis, já radicada na vida social e adaptada a cultura local, goza de alguma estabilidade e firmeza - com recursos próprios ainda que insuficientes, de clero local, de religiosos e leigos; possui já os ministérios e instituições necessários para viver e desenvolver a vida do povo de deus, sob a orientação do próprio Bispo" (Ad G. 19)

então, em última análise, a acção missionária tem como objectivo a edificação da Igreja local; e será tanto mais válida quanto mais fizer crescer a Diocese, como povo de Deus, reunido pelo rito no Evangelho e na Eucaristia, e presidido por um Bispo com a colaboração do presbitério (Ch. D. 11).

3º À luz destes princípios, examinemos, ainda que rapidamente, as nossas principais actividades missionárias.

1. Actividade promocional:
- Toda actividade promocional da Missão deve tender a comunicar a cada homem, e a cada mulher e à comunidade.
- O sentido da dignidade humana e social.
- O sentido da corresponsabilidade (consciên­cia do direito e do dever, consciência da participação e da gestão).
- O sentido da convivência na justiça e no amor fraterno.
- Por conseguinte deve libertar o homem e a sociedade dos complexos, das alienações e das situações não humanas ou menos humanas.

Por isso:
- É urgente passar de uma actividade que assiste a uma acti­vidade que reconhece e promove os direitos fundamentais.
 - É urgente passar de um tipo de sociedades justapostas, paralelas, a uma convivência digna e fraterna. Isto supõe uma revisão profunda da maneira de viver e conviver, de mandar e de servir, de ajudar e de ser ajudado.
- É urgente passar de uma mentalidade de servilismo a uma mentalidade de participação: social, económica, pastoral (”salvar a África pela África").


Por isso importa:
- Chamar à participação, não apenas os cristãos mas também os melhores e os mais influentes da sociedade.
- Correr um certo risco, sem o qual dificilmente se forma o sentido da responsabilidade.
- Banir os preconceitos (agressivos uns, paternalistas outros);
- Não substituir quando é possível partilhar as responsabilidades.
- Descobrir e lançar elites (em todos os campos de acção missionária). 
- Rever as estruturas existentes (hospital, internatos, lares, machambas, moinhos, cantinas, ciclos unificados, conselhos de Anciãos, economia).
 
2. Actividade catecumenal

O catecumenato é uma instituição com um objectivo determi­nado e um método próprio:

- É um tempo de passagem (Ad G. 13), de formação, de apren­dizagem (Ad GI 14).
- É já uma comunidade cristã pela fé e pela celebração da Palavra, da caridade e do testemunho
(L.G. 14).
- É Igreja a gerar Igreja (da Fé à celebração do Mistério Pascal)

O catecumenato é uma instituição fundamental, primária, prioritária e definidora da Missão.
Sem catecumenato a Missão não terá vida adulta.
Há uma estrutura catecumenal para toda a diocese e um método e há diversas aplicações concretas. Cada Missão terá de organizar concretamente o catecumenato, conforme as circunstâncias próprias de lugar e das pessoas.
Há catecumenatos para adultos e catequeses para crianças.

Teremos de fazer uma viragem que possa passar das escolas aos catecumenados e dos catecumenados adultos às catequeses infantis.

Teremos de abandonar a escola como centro primário de recrutamento e de formação dos catecúmenos; de recrutar catecúmenos a partir do contacto, do diálogo, da amizade com as famílias; e de organizar o centro de formação catecumenal natural dos catecúmenos.

Teremos de pensar a sério a função do Catequista em relação ­com o catecumenado e com as comunidades; abandonar a clericalismo para surgir a corresponsabilidade eclesial;

Teremos de rever, sem sofismas e num clima de Igreja, a economia da Missão. O princípio é este: às actividades prioritárias, prioridade nas verbas. Mais verba para pessoas e menos para coisas.

As estatísticas baptismais têm baixado de ano para ano. Para mim, porém, o drama maior da Diocese não consiste na falta de baptismos, mas na falta de catecumenados.
Ou organizamos o catecumenado e a Missão vive, ou não o organizamos e a Missão morre; ou entã., na fase actual, a Mis­são ficará reduzida a um instrumento de assistência sanitá­ria, de promoção escolar, de formação nos internatos e pouco mais.

§Catecumenados, Catequistas e ordenamento da economia da Missão. - Seriam as grandes decisões a tomar, pelas Combonianos, neste ano jubilar.

3. Actividade Litúrgica

Celebrar a liturgia da Palavra e mais ainda a do Mistério Pas­cal, supõe a Fé. Esta supõe a capacidade humana de opção.

Importa distinguir as celebrações litúrgicas para adultos das celebrações dominicais para meninos das escalas.
A maioria das celebrações dominicais, presididas pelos professores, é uma ilusão pastoral e uma maneira de atrofiar a fé dos adultos.

Impõe-se uma revisão séria e corajosa:
- Quanto às celebrações da Liturgia para adultos e para os alunos das escolas.
- Quanto ao local e ao ritmo das celebrações.
- Quanto ao presidente das mesmas.
- Quanto à presença do padre.
A celebração tradicional na escola, com acento infantil e com prejuízo dos adultos, passou definitivamente, Ou encontramos a celebração que interesse e una os cristãos, ou perdê-los-emos.

4) Actividade Ecuménica

O Ecumenismo e o diálogo com os não-cristãos são um dever de todo o cristão adulto. Fazem parte da doutrina do concílio. Não se pode ensinar a doutrina, nem formar o cristão, e menos ainda a comunidade cristã, sem ensinar o ecumenismo e o diálogo e sem formar a comunidade na prática de um e de outro.

Nesta Diocese, e nas zonas onde trabalhais, há um campo enorme de não cristãos: os Muçulmanos. Cerca de 500 mil.
Quase nada se tem feito. Gostaria de marcar esta data com uma iniciativa em profundidade:lançar o "Centro de Diálogo com os Muçulmanos". Seria um passo em frente.
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5) Actividade Vocacional

As vocações são o fruto e a raiz das comunidades cristãs e da Diocese.
São o fruto porque a maturidade da Fé exprime-se na doação - do seio da comunidade suscita o Espírito os vários ministérios: catequistas, diáconos, presbíteros, Bispos, religiosos, religiosas.
São a raiz porque sem ministérios, nativos, a Igreja não está enraizada num povo e numa cultura.

As vocações são a preocupação pastoral por excelência.
O catecumenado é prioritário no tempo; a pastoral vocacional é prioritária na importância.       
A missão que não tem catecumenados, não tem cristãos; a mis­são que não tem vocações, não tem o melhor fruto cristão e o mais decisivo para a Igreja local.

Preocuparmo-nos com as vocações significa:
- Ter uma visão da Igreja e não apenas da missão.
- Ter uma visão da Igreja local enraizada e não apenas provida de pessoal missionário, embora de origem e de cultura exteriores às comunidades.
- Possuir uma evangelização e uma pastoral orientadas no sentido de uma Igreja local autónoma.
- Organizar uma economia da missão primariamente ao serviço das pessoas: recrutamento, formação, lançamento; seminários, noviciados, centro catequético;
- Trabalhar em profundidade para que "a África seja salva pela África".

Actividade promocional, actividade catecumenal, actividade litúrgica, actividade ecuménica, actividade vocacional: as grandes-linhas da renovação da missão.

4º Estas actividades supõem organismos promotores a nível da missão e da Diocese.

A nível da missão apontamos três órgãos promotores: a equipa missionária, o conselho da missão e o conselho de anci­ãos, ou melhor, os anciãos das comunidades.

 a) A equipa missionária
- É a primeira comunidade cristã da missão;
- É a experiência mais próxima e mais profunda da celebração da fé, da eucaristia, da caridade, do diálogo, da preocupação apostólica.
- É o modelo e, de algum modo, a "forma facta-gregis".
- Um missionário que não é capaz de pensar, de actuar e de amar em equipa, dificilmente formará uma comunidade. Formará talvez cristãos, mas não uma comunidade de cristãos.

A formação e o funcionamento da equipa missionária exigem de todos os seus membros:
O reconhecimento efectivo do direito de todos à partici­pação e à gestão da missão: sentido da corresponsabili­dade.
Espírito de Igreja na reflexão dos problemas, na elaboração dos programas, na execução das tarefas: sentido da igualdade fundamental quanto à dignidade e da necessária diversidade, quanto aos ministérios, aos carismas e às funções.
Espírito de diálogo que supõe: o respeito mútuo, o saber ouvir, o saber falar, o saber procurar juntos a verdade, o bem, o melhor para a Igreja.
Espírito de pobreza que leva cada membro da equipa, e to­da a equipa, a buscar o bem da Igreja e do povo, e não o bem próprio; a sacrificar os interesses individuais, embora legítimos, ao interesse da missão, da Igreja local, do povo em concreto.
Abandono de preconceitos-raciais, sociais, pastorais ­e de vícios - clericalismo, paternalismo, congregacionismo, individualismos.

b) O Conselho de Missão ou de Paróquia
- É a convergência natural dos mais aptos de entre os cristãos da comunidade.
- É a escola permanente de "líderes" na promoção, na evan­gelização, na pastoral.
- É o órgão normal de participação e de gestão da comunida­de, nas preocupações, reflexões e decisões da Missão.
- É um instrumento de selecção de valores e de purificação de vícios - tanto dos cristãos, como dos padres e irmãos.
- Missão sem Conselho de Missão não tem expressão adulta a nível de responsáveis. É necessariamente uma missão de cristãos que "obedecem" e de missionários que "mandam". É fácil encontrar, em missões deste tipo, o paternalismo, o infantilismo, a distância entre cristãos e missionários; o desinteresse pelas coisas do padre; o não enraizamento da Igreja.
- Impõe-se, em todas as missões, o Conselho de Missão, a funcionar regulamente, integrando os mais comprometidos na evangelização, na pastoral e na promoção.

c) Anciãos das comunidades
Em cada comunidade cristã da Missão, o grupo de anciãos, se é verdadeira, constitui:
- A primeira estrutura de expressão a nível da base.
- Pelos anciãos, as comunidades exprimem-se e participam da responsabilidade da missão e da Igreja local. Sem anciãos, as comunidades sofrem o perigo de ser alienadas, ou de ter uma expressão alheia e desincarnada;
- Pelos anciãos, o missionário, a equipa missionária, o conselho de missão, entram em contacto real com a comunidade de base e com o povo.
- Pelos anciãos, a comunidade de base exercita o sentido da responsabilidade humana e missionária, e participa, de facto, na vida da missão e por ela, no crescimento da Diocese.

5º As actividades indicadas supõem, além disso, a nível dio­cesano, organismos promotores e instituições adequadas.

a) Em ordem a promoção: estruturas para formação de elites (lares para estudantes, escolas de habilitação de professores, bolsas de estudos);
 Estruturas de apoio e inserção dos imigrantes na co­munidade humana e cristã dos centros urbanos e industriais. Cada vez é maior o número de cristãos que, deixando a comu­nidade de origem, morrem nos subúrbios dos centros urbanos, se lhes falta um apoio adequado a nível diocesano.

b) Em ordem ao catecumenado e crescimento das comunidades:
Centro Catequético: É uma estrutura fundamental e polivalente, na fase actual. No Centro funciona:
- o curso dos catequistas
- o curso de adaptação missionária
- a Comissão diocesana de Catequética e a de Liturgia, par­ticularmente no que diz respeito as traduções.
- a redacção da revista "Vida Nova" 
- o serviço de apoio aos catequistas em exercício
- a missão do Anchilo. .

Para funcionar de verdade e prestar a Diocese o serviço que todos esperam, o Centro precisa de gente e de meios apropriados. Não se podem fazer omeletas sem ovos.

c) Em ordem a pastoral em geral, há o Secretariado Diocesano de Acção Pastoral, resultante dos Conselhos de Presbí­teros e de Pastoral, e em íntima união com os diversos conselhos paroquiais e de missão.
É um instrumento de impulso e de coordenação; um órgão de execução das decisões aprovadas no Conselho de Pastoral ou no Conselho de Presbíteros.            
Exige um mínimo de pessoas (presbíteros, irmãs, leigos) com um mínimo de preparação e disponibilidade.
Do seu não-funcionamento, como actualmente acontece, deriva um empobrecimento para todas as missões, uma dispersão de energias, uma Diocese sem unidade pastoral e sem comunicação de experiências e preocupações missionárias entre as diver­sas equipas e grupos de acção.

d) Em ordem às vocações: O Seminário, e os ciclos unificados como centros de selecção e recrutamento.
Sem ministérios nativos não há enraizamento nem autonomia da Igreja local. As comunidades viverão sempre numa dependência radical. Na hipótese de uma saída dos padres, dos irmãos e irmãs não-nativos, as missões ficariam actualmente abandona­das, porque infelizmente não temos ainda ministérios nativos (catequistas, presbíteros, religiosos) para assumir a responsabilidade da Diocese.
É um problema vital o Seminário e, com ele, os noviciados e centros vocacionais. E um problema de todos, e a todos incumbe o grave dever de se preocupar com o Seminário.

6º. Além das estruturas a nível da Missão e a nível da Dio­cese, as actividades fundamentais dos missionários exi­gem, como condição de eficácia e como testemunho;

a) Um clima de união fraterna e de consequente entre-ajuda.
Muitos são os demónios da divisão e sempre haverá tentativas de divisão porque o Reino dividido contra si mesmo, perecerá.
Criar um clima de união é dever sagrado de todos; por conse­guinte há que superar os problemas que possam surgir da diversidade de gerações - mais velhos, mais novos; da diversidade de mentalidades - mais avançados, mais conservadores; da di­versidade de grupos - Combonianos, Cucujães, Seculares; da diversidade de nacionalidade – portugueses; não-portuguese; da diversidade das condições pastorais - interior, beira-mar, pa­gãos, muçulmanos. Há que tirar da diversidade a riqueza que lhe é própria e evitar que as tensões normais se transformem em conflitos e estes em escândalo de divisão.

b) Um clima de abertura à renovação. A missão que se fecha ou resiste à renovação (não falo de inovação com desprezo pe­los valores tradicionais autênticos) está condenada a morrer. Envelhece, pouco a pouco, sem se dar conta, de-situa-se, des-liga-se, isola-se, morre. Poderá ter um conjunto de cristãos fiéis ao missionário, mas não terá uma comunidade de cristãos na qual opera e vive a Igreja diocesana e, nesta, a Igreja Universal. A renovação autêntica supõe uma união atenta com o Bispo da Diocese - sem o qual não há Igreja - e uma cooperação sincera com os organismos centrais da Pastoral e com os mis­sionários que procuram rectamente novos caminhos.

c) Um clima de disponibilidade para contribuir com o esforço próprio, para atender com pessoas e com meios as obras e instituições prioritárias, para ultrapassar o maldito preconceito que pode levar os missionários a considerar a Diocese repartida por três centros de interesse: o nosso, o deles e o do Bispo. Quando este preconceito funciona é possível que estejamos disponíveis (em pessoas e meios) para o que é nos­so; mas não estaremos certamente para o que é "deles" ou pa­ra aquilo que depende directamente do Bispo. Este desgraçado vício impede o crescimento da Diocese como Diocese, atrofia o dinamismo das Missões, isola automaticamente as energias, conduz a fendas escandalosas, mata a confiança mútua, torna impossível as obras de conjunto.

 d) E, por fim, um clima de confiança.
Perante as dificuldades que actualmente afectam as missões, é fácil a tentação do desalento. Por sua vez, o desalento gera atitudes em nada consentâneas com o Evangelho. Refiro-me particularmente a agressividade e à fuga. Há quem, na verdade, perante as dificuldades, tente defender-se agre­dindo os outros; ou tente tranquilizar-se, fugindo às interpelações e a tudo quanto possa cheirar a renovação. A hora difícil que vivemos não é menos bela que outras horas pas­sadas. É difícil porque é decisivo; é muito difícil porque é muito decisivo. Não pode contudo criar em nós a desorientação, o medo, o cansaço, a desilusão, o desalento. Antes, deve fazer crescer em nós a confiança, primeiro no Espíri­to vivo e actuante na Igreja, nas Missões, nos Missionários, no coração dos homens; depois, na Igreja viva, concreta (a mais concreta para nós é a Diocesana); finalmente, uns nos outros.

Em conclusão:
1º. Rever e ajustar os objectivos da acção missionaria. Converter almas a Cristo? Reunir os homens em Igreja? For­mar a Igreja Diocesana na qual está a Igreja Universal?

2º Rever a actividade promocional. Organizar estruturas empenhar pessoas e meios económicos na medida, e só na medida, em que promovam a consciência das pessoas e das comu­nidades, atendendo particularmente ao crescimento de elites.

3º. Rever a actividade catecumenal lançar em profundidade os catecumenados adultos dar ao catequista o estatuto que lhe é próprio; organizar a economia tendo em conta a importância fundamental dos catecumenados e dos catequistas.

4º. Rever a actividade litúrgica principalmente quanto às celebrações dominicais nas escolas; dar de novo ao catequista ou ancião, o papel que lhe compete. Celebrações para adultos e celebrações para crianças. Construção de grandes Igrejas nas sedes? Ou lugares de oração ao estilo Africano?

5º Quanto ao diálogo com os não cristãos, ver até que ponto é possível fundarmos o centro de diálogo.

6º Na actividade vocacional rever: 

- O recrutamento de seminaristas;
- O interesse pelo seminário, traduzido em disponibilidade de pessoas e de bens;
- A formação e lançamento de religiosos e religiosas nativos;
- O recrutamento e formação de catequistas;
- A formação e actuação de dirigentes leigos (quadros dirigentes).

7º Vitalizar as equipas missionárias, promover os conselhos de missão e os anciãos das Comunidades.

8º Tornar a presença das missões mais eficaz nos organismos e instituições centrais (Centro Catequético, Seminário, Escolas de Habilitação de Professores, Casas de Alunos, Secretariado Diocesano, Conselho de Pastoral) através de pessoas e de meios. Não dar escândalo, antes pelo contrário, favorecer a iniciativa quando se pede um missionário para os serviços centrais.

9º Lutar por um clima de união, de abertura, de disponibilidade e de confiança em Deus, nos homens que o Espírito ungiu para os diversos ministérios, no povo que nos está confiando, na hora que nos é dado viver.

A minha homenagem sincera e cordial aos missionários que chegaram ontem a esta Diocese, e já sentem o desgaste dos anos e do trabalho; aos que chegaram hoje e desejam entregar ao irmãos, nas tarefas da missionação, ao povo desta Diocese, a vitalidade, o entusiasmo, a preparação que possuem. A minha homenagem aos que partiram de vez e vivem em Deus e aos que deixaram esta Diocese e servem a Igreja noutras latitudes e noutras tarefas.

         Termino, afirmando-vos que espero muito de vós.

Nampula e Carapira, 15 de Março de 1973.


 Manuel, Bispo de Nampula 

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